June 19, 2008

Blue Black sTar



Vejo tua imagem esquálida, cinza, cruelmente antecipando a situação limite da morte.
Busco abrigo na poesia.
Busco abrigo no abismo.
Mas já sei que não vai dar em nada.
Essa coisa é um rio passando,
eternamente ti levando.

Quero fluoxetina na pupila, na sinapse precisa,
quero drogas gerais.
Quero uma armário de ambulatório com seringas.

A fuligem da droga deixando tuas pernas ainda mais finas.
Tua pele caindo aos pedaços como caem os cabelos
Cai teu semblante,
Cai teu olhar.

Poesia lírica na bolsa de futuros,
futuro incerto no cálculo do tempo.
Números irracionais dominados
por lógicas e algoritmos sagazes.

Tuas unhas caem. Teu brilho é assustador.
Teu sexo é azedo. Teus peitos mais que perfeitos.
Tenho teu telefone.
Nem mesmo um e-mail verás.

Vou ao mercado.
Vou comprar detergente e pasta de dentes.
Gasto meus dias
comprando lembrancinhas em shoppings.

A droga só chega bem tarde, lá,
quando a noite já vai longe.

Blue Black sTar.