June 12, 2008

Geo Métrica



Uma taça de vinho e suas consequências sobre as lembranças dos ensaios. A memória do esquecimento e o esplendor do momento em que a luz atravessa a janela desde o alto do restaurante do museu.

Ensaios sobre o luto, sobre o suicídio e ensaios sobre os ensaios sobre o dinheiro. Temas sem fim, teses, dissertações e romances. Jingles de todas as espécies, zilhões de fragmentos invadindo o tempo, o tempo todo.

A garota abre a bolsa e torna possível perceber que nela há um presente. Um coração com trufas embaladas em papel vermelho brilhante. Uma fita também vermelha, também brilhante, levando uma mensagem cifrada. Uma metáfora a ser desenvolvida na maior ou menor habilidade do desfazer do laço.

Desfazer o laço e refazer o desejo de uma alegria sem fim. Um jogo que sempre recomeça, sempre de novo, sempre outra vez. É como des fazer o laço e depois ver como se faz o nó que liga a fita, abraçando com força os ensaios sobre um coração de trufas.

Procuro a poesia em cada linha do parque. Fragmentos preciosos. Duas ou três palavras são suficientes para traduzir intermináveis bancos de dados e links inúteis. A geometria do desejo medida pela intensidade da luz atravessando uma alta janela em pleno coração de um Museu de Arte.

Uma salada e um comentário sobre Frida Kahlo e Montaigne. A literatura de Leopoldo Lugones e uma Antologia de Poemas Sexuales. Uma copa de vinho maravilhosamente providenciando o esquecimento dos ensaios sobre o suicídio e o dinheiro, de David Hume. Uma sabedoria do amor intenso que permite olhar, com volúpia, a felicidade de poder viver o esplendor do viver.

Momentos únicos, singulares, roubados e vividos, os mais preciosos da existência.