November 02, 2008

Esquisito




Já li jornais. Agora só vejo as fotos. Não que não leia mais, é que leio sempre menos. Sem tempo para ouvir lamúrias e comentários pobres de jornalistas em geral, leio Platão e Castoriadis. Os jornalistas têm uma profissão muito cruel que é a de ter o que falar a cada dia. Falam, falam, falam e, de vez em quando, conseguem dizer algo.

Imagens são diferentes ou indiferentes. São rápidas de serem vistas. Se a imagem não interessa, a gente vê de cara. Mas no texto jornalístico, acadêmico ou literário só vamos saber depois de um certo tempo. Por isso também é que leio, cada vez mais, as pequenas notas de certas colunas.

Leio Renata Lo Prete e Cláudio Humberto que ficou conhecido como a Porca Voz. Procuro ler autores brasileiros, mas leio pouco. Ler José Sarney, por exemplo, é um exercício mortal. Não menos terrível quanto ler o que tem a dizer o sr. Benjamin Steinbruch ou o sr. João Pedro Stédile. Claro que ler Luiz Felipe Pondé é sempre um grande prazer. Mesmo quando ele faz questão de revelar sua intimidade ao lado de Sloterdijk tomando um bom vinho e rindo da vida. Isso me faz lembrar Antônio Risério que adora fazer esse tipo de comentário. De revelar sua intimidade com outros personagens notórios.

Ler os editorias de certos jornais. Iguais em toda parte. Espanha, Miami, Alemanha, Argentina, ou Bogotá. Seus cadernos de cultura, com seus intermináveis filósofos e entrevistas cretinas. Ler é um ato desesperado. Ver o mundo e ler os sinais que temos dele é belo, maravilhoso e violento. Algo absolutamente paradoxal.

Talvez por essa razão, pelo fato de que o mundo seja essa coisa esquisita, é que podemos ler o mundo de cabeça para baixo e em todas aquelas perspctivas nas quais se pode sonhar e ousar.

Diante do que tenho lido e visto, quando me deparo com essas questões do cotidiano sinto a necessidade de uma bela imagem para, com ela, viajar.

Uma imagem de uma pintura. Um azul banhado por um amarelo ouro puro e cristalino. Telas galáxias, telegaláticos sinais do mundo, sinais nas fronteiras do tempo.