December 01, 2008

7:30 pm


Estranha hora vagando entre sete e oito passos. Um tempo que não sei o que é. Uma intriga que jorra tempo, uma trama automáticamente posta no final do dia. A poesia atravessando o pão, o queijo e a saudade. Esgotados os trinta primeiros intervalos de outros intervalos ainda menores sem que eu mesmo pudesse me dar conta do tempo que passou.

No instante seguinte, a memória empacota e guarda, num lugar desconhecido, toda aquela vida que ficou no intervalo entre o pão e a saudade. Fluxos para um sem fim dos heraclitianos rios do Recife e de Itacaré. O eterno vir a ser do mesmo, outra hora depois. A trama do tempo, essa intriga, assunto de Aristóteles e de João Ubaldo Ribeiro. O tempo, esse terreiro de candomblé, é índigo blue. Não tem plural, mas é plural; uma ave de rapina que rouba de mim o tempo que preciso para te amar.

Por isso, a urgência. São 7:30 pm. Preciso dizer, encharcar com amor este instante. A palavra que acabo de escrever, o tempo que acabo de viver é o tempo da música das esferas e do canto suspenso no ar.