June 22, 2009

Esferas


As esferas giram imutáveis sobre o tempo. É o fim de uma tarde e uma criança espera sua bola de sabão flutuar ao infinito. É a singularidade do limite que vivemos na solidão da existência. As esferas flutuam girando sobre as faces lisas e espelhadas da noite

"A esta clase de límite pertenece, por ejemplo, la muerte que cada uno ha de morir, la culpa que cada uno ha de asumir, el conjunto de la organización personal de la vida en la que cada uno debe realizar-se como aquel que sólo él es en su unicidade". H-GG

Nessa hora de silêncio as esferas brilham sem fim no verde da avenca. É a hora de um tempo sem nenhum desejo de novidade, sem nenhuma angústia por novidades. É a hora das esferas flutuarem num movimento sem fim, de calma, da mais pura calma.

A bolha de sabão é uma esfera de pura luz e ilusão. Um eterno instante de infinito maravilhamento, uma borboleta azul no caminho de Inhotim, de uma trilha borboleta, sorridente e feita de papel crepom. Uma coleção de Divinos de cores suaves e permanentes.

A avenca é um verde que te quero verde. Um palavra verde que diz azul, que diz borboleta e morte. Não são truques nem trocas de palavras. São apenas esferas flutuando as imagens dos abismos abertos para o homem.

São capítulos dentro de capítulos, como bonecas russas dentro de outros segredos e esperanças. O instantâneo acontecimento dobra a rua e parece familiar no início do inverno.