August 14, 2009

Notas


Palavras amarradas ao papel e desenhadas com esmêro.
O direito de publicar, em silêncio, o silêncio.

Nenhuma música traduz a melodia do meio dia. Vejo passar uma banda, um bando de passáros, um monte de pessoas iguais entre si, gripadas entre si, mortas entre si.

Escondo o desejo no silêncio e amarro ao papel a palavra desenhada com esmêro.
Levantar o véu que cobre o teu rosto é desnudar a palavra e o capricho. Olhar teus olhos rasos d’água é cobrir, mais uma vez, a saudade, a memória e a lembrança da primavera.

A primavera é uma flor desenhada com carinho na folha verde do desejo.

Se “a teoria é uma variedade do serviço doméstico” é porque tudo ficou pequeno.
Evocar o Zaratrusta é quase higiênico nesses dias de suína gripe:
“... ando por esse povo mantendo os olhos abertos: eles se tornaram menores e ficam cada vez menores...
.... alguns deles querem; quanto à maioria, porém, outros querem por eles..
... são redondos, corretos e bons uns com os outros, assim como grãos de areia são redondos, corretos e bons com grãos de areia”.

Em tempos de suínas gripes e coléras sem amor prevalecem as pequenas felicidades resignadamente domésticas.