September 27, 2009

É domingo




Subo o minhocão, a pé. É domingo. Milhares de pessoas correm pelas ruas numa maratona/treino-sei-lá-do-que. São Paulo é a locomotiva do Brasil, uma locomotiva que leva o trem para o abismo, que é de todos. De NewYork a Shangai e à Tokyo poluída e demasiadamente cheia de humanos, movidos a baterias de lítio e a césio 147.

A imprensa, esse antro de línguas podres e mentes descamadas, clama pela ordem da desordem e por uma ética sinestésica encravada nas unhas do pedólogo. Leio as Ilustradas páginas e tudo aquilo que está no Mais ou no menos absurdo das filosofias Daslu. Daspu, espero bem mais. E elas sempre dão sempre menos e cobram demais. Cobram a assinatura dos seus articulistas de plantão ou de férias, as quais nunca chegam pra mim. Eu quero mais, sempre mais, ainda que todos os barcos abandonem o cais ou que caias de quatro por mim. A filosofia é uma fila de filo-zóficos projetos alucinantes, mas metodologicamente corretos, transbordando palavrões e pedagogias de amor. Amor ao próximo e à próxima remessa de lucros para as aquisições das camisas Dudalina, cheias de clichês dourados e permanentes.

O texto é assim mesmo, fragmentado, fragmentária semiose de suspeitas gripes suínas e retórica baiana, untada em óleo de castanha do pará. Não tem rima nem pretensões de qualquer coerência lógica. Só pensa mesmo é em sexo e desejos confins. As palavras jorram num fluxo sem feedbacks ou refluxos. O texto é um pão com manteiga em excesso, derramando-se pelas laterais das veias e pela obliquidade dos teus comentários. Parece uma política do esquecimento, um delete antes que seja tarde, antes que o dia amanheça e a turba reivindique a fortuna do pré-sal.

A maratona é assim, esse ir e vir de pessoas caminhando e gritando: “Vamos lá, galera!!”. É domingo e as notícias brincam de dizer que a primavera começou, que a vida é bela, é rosa, é brasileira.