January 23, 2010

De obsessões e escarros


A psicopatologia descreve a obsessão como uma doença caracterizada pela "ação de molestar com pedidos insistentes; impertinência, perseguição, vexação" e, ainda de acordo com o Houaiss, é o oposto da indiferença.

Conta a lenda, e não pode ser nada além de uma lenda, que Salvador Dalí teria comprado o escarro de um turbeculoso para ser admitido no lendário Sanatório de Clavadel, na Suíça, com a única finalidade de saber o que se passava com Gala (sua deusa e musa) e o ex marido Paul Éluard, seu primeiro marido, com quem ela teve uma filha, Cécile.

Descoberta a fraude, Dali foi expulso. Mas a sua obsessão não era a de Nelson Rodrigues que se proclamava uma flor de obsessão. Dali, ao contrário, travou amizade com Manoel Bandeira que, também turbeculoso, estava internado no mesmo sanatório. A amizade de Dali tinha um interesse muito especial: saber o que se passava entre Gala e Éluard.

Tenho, caro leitor, uma obsessão, uma flor de obsessão. Não tem insistências, não é impertinente, não existem perseguições nem promovo vexames. Apenas cultivo a flor do meu amor com a água pura das fontes cristalinas, perfumadas pelo desejo e pelo sonho de quem tem a clara consciência da impermanência, de quem sabe que a vida é breve e que o amor é a maior das dávidas que um ser humano pode ter.