January 20, 2010

Lunário Sentimental



Desço a rua Jorge Luis Borges e passo em frente da casa onde ele viveu até seus treze anos. Em Palermo, bairro de Buenos Aires, a manhã ainda mantém o frescor da chuva matinal. Entro num pequeno bar e tomo um suco de laranja, sem açucar nem gelo. Em seguida, peço um café expresso e sigo meu caminho rumo à praça Itália na esperança de encontrar, nas pequenas lojas de livros usados, o Lunário Sentimental, de Leopoldo Lugones. Essa obra, de 1909, é considerada por Octavio Paz uma das mais primorosas da língua espanhola. Esgotada há décadas, era para mim quase uma obsessão. Já havia lido o fabuloso Fuerzas Extrañas e procurava por todos os lados as poesias completas de Lugones. Fui premiado quando entrei na primeira lojinha e encontrei, por meros 50 pesos, um exemplar em papel bíblia, publicado pela Editora Aguilar, em Madrid, no longínquo ano de 1959.

Borges tinha especial respeito e admiração por Lugones e escreveu um poema dedicado a ele. A lua é o ponto de encontro entre eles. A lua, essa mágica luz que habita os sonhos dos enamorados, daqueles raros que têm o privilégio de serem tocados pelo amor, ainda mais quando os olhos da amada veem no enamorado o mais belo de todos.