June 17, 2010

Luz




Pressiono o pause e acendo a lâmpada azul do outro lado da cama. Já passaram as primeiras quatro horas desse dia que virá. Ainda há pouco era ontem, o fim da noite. Agora, passado o tempo em que pensei em ti, fica esse sentimento de que ainda não é tão tarde assim para sonhar. Só mesmo no sonho, na ilusão, no jogo da luz azul e da palavra clara, é que vejo a manhã surgir.

A luz, a primeira e tímida luz aparecendo n'algum lugar dessa manhã, é ilusão de tempo e lugar. Horas e passagens de horas, a fio de tempo incerto. Essa dor localizada entre uma rua e um deserto na alma é blue. É como essa lâmpada brilhando na lente dos meus olhos, refletidos na saudade que tenho de ti.

Todos essas palavras marrons, vermelhas de mais, azuis de menos, terras queimadas e agrestes são cores sentimentos, desejos luminosos, texturas rugosas com sabor a ti.

Já não sonho, é dia. É hora de esperar a noite chegar. Tenho que padecer a luz apagada do dia. A luminosidade insuportável do cotidiano, das trevas dos homens.