May 20, 2008

Thyssen and Krupp



Um asco generalizado. O turismo, a publicidade, a política e o amor. Tudo contaminado pela exigência do exibicionismo propagandístico. A mídia é a filosofia. Pelo menos assim pensa Peter Sloterdijk que também pensa num cinismo infiltrado na coluna vertebral da defesa do sonho.

O amor e suas intermináveis antologias impublicáveis em edições especiais de custos elevados. A linguagem e a imbecilidade acadêmica, endêmica e contaminada pelas novas formas vegetais de produção de energia. Poetas ministros e ministros pastores de almas sempre perdidas e jamais postas nas seções de achados e nunca encontrados, ou procurados. Digamos que tudo isso pode ser posto num tópico de uma psicologia americana ciosa e quantitativa. Criatividade à prova d’água e impermeável a toda e qualquer tentativa de pensar outra vez o lugar onde chegamos. Chegamos, com Heidegger, ao lugar tedioso que se chama lugar comum. A responsabilidade alemã com o Estado de Israel mesclada num dusty miller fabricado por Thysen e adocicado por Krupp. Os produtores de qualquer coisa: folhas e coca, trigo e soja, cana e açúcar, refinados com cimento portland, são apenas aspectos diferenciados da mesma corrida do ouro podre que Chaplin procurava.

Fui ao delta do Mekong e era el Tigre. Uma casa protegida do tempo que insistia em passar. A mesma estúpida mercantilização expressa num croissant com dulce de leche. Um buque, um barco afastando-se das margens e bordejando fronteiras inteiras e nuas. Oh Deus onde estás que te apresentas, em que cine, em qual canal exibes teu sorriso a prestações sem juros para saldar em dez meses? Ah, se teu filho fosse gay e tivesse orgulho de uns peitos de silicone. Saramago seria árabe e Jorge Amado jamais teria visto Gabriela em cravo e desdém.

Não vou gritar. O áudio e o ósculo são melhores entregues em MP3, um formato que Alfonso Reys não imaginava, mas que Leopoldo Lugones certamente já conhecia embutido nas equações de Maxwell.

Ah, meu amor! Te quero mais que qualquer vino, pão, ou qualquer copo d'água sem gás. É para ti que sonho um mundo melhor, sem sanguessugas e sem intervalos entre o desejo e o prazer de ter tuas mãos entre o meu olhar.