November 18, 2008

9:34 am



Acabo de ler um longo texto de Miguel Cordeiro. Historiador ímpar, MC tem contribuido, como poucos, com sua memória abismal, para uma história singular da nossa época e, particularmente, da cidade do Salvador da Bahia.

A Memória é uma deusa. O filósofo Martin Heidegger, em sua reflexão sobre o “poema doutrinário” do grego Parmênides, perguntando pela Verdade, afirma que não existe uma deusa da Verdade, mas que a Verdade é, ela mesma, uma deusa.

A Memória também é uma deusa. Lembrar, rememorar, recordar, reviver, retratar. A marca temporal assinalada por Jean-Paul Sarte no Imaginário. O ato mágico, o encantamento da subtração da ausência e da distância. Evocação e busca da reconstrução imaginária do sonho e da vida.

De certo modo somos o que lembramos. A memória desenha o rosto da nossa identidade. Uma identidade cada vez mais flexível, imersa numa impressionante tempestade de imagens e sons, revela acelerado e estranho esquecimento.