April 29, 2009

Idolatria



A memória pertence ao passado e o futuro a Deus pertence. No intervalo e no instante em que vivemos perduram nossas procuras e nossos esquecimentos. É o paradoxo do tempo permitindo viver o enigma das nossas imagens.
Há muito o que fazer. Compreender com mais apuro o que diz Santo Agostinho nos livros IX e X das Confissões é uma dessas muitas intermináveis coisas a fazer. Muitas outras ainda ficam pelo meio do caminho.
O homem, na sua busca essencial, usa todo o seu tempo para falar de Deus. Um "deus" que será sempre uma imagem. A busca, a eterna busca para encontrar, mais uma vez, o momento em que não haverá intervalo qualquer, entre o desejo e a sua satisfação.
Octavio Paz, pescando imagens inimagináveis, ilumina o instante em que a memória e o futuro cruzam o mesmo caminho.