May 03, 2009

Luna Cornea




Conta Jorge Luis Borges que uma certa vez os homens registraram, num livro, tudo o que existia. Todos os acontecimentos passados, todas as coisas existentes e todas aquelas que ainda iriam existir estavam contidas nesse objeto mágico.

Quando a obra ficou completa, e a palavra fim já tinha sido escrita na última página, é que se deram conta de que algo tinha sido esquecido. O esquecido, lembra Borges, é sempre o essencial. O filósofo Martin Heidegger diz que o esquecimento essencial é o esquecimento do ser.

Para Borges o que eles esqueceram de incluir, no livro de todas as coisas, foi a lua. A lua, essa pérola que flutua no mar da minha varanda. Essa luz que nasce da tua pele iluminando as estrelas do meu estranho destino.

Mas ainda podemos nos valer de Santo Agostinho dizendo: "ainda não esquecemos completamente o que, ao menos, nos lembramos de ter esquecido".