October 04, 2009

Omega 3



A hora abre a porta e fecha o sentido do aroma do café. Bolhas de sabão sopram a brisa lenta e curva que dobra o infinito desejo de voltar pelo lado oposto de Las Cortaderas. Foi em Bogotá, a caminho de Santa Marta, que encontrei os teus seios pontiagudos banhados em cores caribenhas e azuis. Nas tardes de verão, nossas mãos suavam lentamente entre os dedos, cruzando as curvas retilíneas do Parque de Palermo, que apenas existia enquanto layer do photoshop. Era um dique do Tororó embaçado pela umidade da Bahia de larga barra e intermináveis negócios, pendurados nos logotipos das cabras e dos cabritos, berrando mééé pelos sertões de Euclides e das mansões debruçadas sobre a marina da avenida Contorno.

Não sou mais que um personagem perambulando páginas sem editores reconhecidos ou blogs afamados. Não têm fama nem celebridade essas palavras que apenas rondam rodapés das Confissões de Santo Agostinho. Nem mesmo São Paulo, com seus splendorosos edifícios cinza da avenida Mena Barreto, pode aplacar o irracionalismo do apóstolo homônimo, que derrama escamas de sardinhas banhadas em omega três.

Nasci no Yon Kippur, mas paguei quatro reais para entrar na Sinagoga de onde pude observar a Torre Malakoff no reflexo do café expressamente forte do Starbucks. Aperto o botão da Cannon de quize mega pixels e o resultado é uma imagem luminosa das velas que acendi na igreja da Liberdade, pedindo pela tua saúde e pelo funcionamento do teu intestino, que é o mesmo relógio que aponta ponteiros em direções que nunca sou capaz de alcançar.

Ai de ti Copacabana, ai de mim que corro pela Lagoa Rodrigo de Freitas, poluída de drogas perigosas e arrogantes. Nem mesmo o Parque Lage, com suas macunaímicas piscinas banhadas de feijoadas oleosas, seria capaz de eliminar o cheiro pesado da gordura que corre das ladeiras do Humaitá. Lembro as deletadas imagens que fui obrigado a esquecer, todas elas apagadas do disco rígido, mas indeléveis nos desejos impressos no suave amor que guardo por ti. Nem mesmo Salomão nos seus dias de glória podia prever conceitos naufragados em metodologias escassas e enganosas.

Caminho rumo ao cais da minha rua porto seco pirajá. Encontro um vinho do Porto, um azeite virgem, Galo, bacalhau de Alesund, romarias de grutas virgens e Lourdes. Madonna mia, cabalísticas aceleradas pelo CrossFox de Sthefany, embalando as britadeiras esculhambadas pelas baterias arriadas e ácidas. É noite, os fárois iluminam o túnel apagado na escuridão das sessões analíticas das topologias lacanianas. É quase como aquele jantar que o chef do Fasano fez lá em casa, com ingredientes vindos do Piauí. Na verdade, era tudo africano, tudo africado pelas páginas de revistas pornôs, decoradas pelas gráficas suspensas no ar.

Tudo isso me veio à mente neste domingo em que contemplo a ponte que une o nada ao absoluto prazer de pensar que você pensa em mim.