April 04, 2010

Sonho



Coisa rara, sonhei com você. Era noite, era dia, era luz branca numa escada. Era um sonho. Igual a todos, havia muita luz e pouca também . Você estava ali, nos degraus de cima e eu logo abaixo. A luz branca estourada, uma forte contra luz, e a imagem vinda do rosto era a mais linda e distante que a luz impedia de ver.

Sonhei que tinha malas, objetos, caixas. Era a imagem de alguém que chegava de viagem. E perguntava coisas que não entendia. Sabia que podia respondê-las, mas um sonho, lembra Calderón de la Barca, é um sonho. Responderia depois, com calma, quando estivesse na cama pedindo calma, vamos devagar, despacito, sinta cada minuto desse instante, do fluir do tempo em nossas vidas. Sonhei como há muito não sonhava.

Depois, acordado, vi que era outro o sonho. O dia de muita luz convidava para a piscina do club e lembrava as aulas de natação. Os olhos agora vêm o quarto, o guarda roupa, o pequeno sofá ocupado por livros, papéis, máquinas e a mesa não menos ocupada por todo tipo de objetos. Carrego um prazer no corpo quando levanto da cama, a alma é leve e o sorriso vem espontâneo.

Calderón diz que a “a vida es un sueño y los sueños, sueños son”. Sonhando ou acordados, estamos sempre no mistério da existência. Mas, viver você é melhor que sonhar.