December 24, 2012
Uma tarde
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Otavio
A luz invade os esconderijos das sombras suaves. O calor é abrasador, corrói a vontade de qualquer coisa. Reflexos cintilam sobre o piso encerado e refletem luzes na superfície lisa e brilhante da peça encostada à parede da sala.
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Minha vontade, esse conceito indiferente às reflexões e aos brilhos, padece os males típicos das abulias. Vontade incerta e luzes corrosivas compõe um quadro de dúvidas e preguiça. Tarde típica de verão e de véspera de alguma coisa. Um Natal especular.
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Penso na poesia e faz calor. Enquanto essas luzes vão e voltam na instabilidade do momento, sinto prevalecer uma espécie de distanciamento, lento e perseverante, das palavras encontradas nesta tarde.
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Aqui, tudo é luz e saudades...
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Entre assimétricos reflexos e uma falta indizível, tua imagem baila nos planos iluminados da passagem dessas horas.
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Pensar nas horas da tarde, quando o sol risca o resplandecer, é pensar em vc, nas partes internas e harmônicas, na direção das linhas que marcam as formas das pernas, sob o guardar das roupas.
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É um pensamento de luz e instante, um delírio fotográfico sem registros analógicos ou digitais. Puro especular, um quase Natal!
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Você, meu amor, é o meu tempo!