June 25, 2010

Entre livros







A imagem da mulher na estante é um enigma. Oculta amor e saudades, exibe impossibilidades e sonhos. Carrega todas as fantasias que a manhã pode comportar.

É exibida, sem pudores, para que os olhos a encontrem entre as palavras, expressando muito além dos léxicos possíveis.

Distinguir a palavra na imagem é imaginar o movimento do vento roçando o contorno do retrato. É o entorno da luz dos olhos teus num movimento perfeito sobre a superfície cristalina do gelo.

Essa palavra-imagem é a minha angústia guardada no congelador, num freezer vertical abandonado num canto de um bar. Um canto de rua esquecido na fronteira da alma.